quarta-feira, 5 de abril de 2017

Sabotadores Atitudinais do Desempenho Profissional (Autor Ricardo de Faria Barros)

Durante a carreira profissional, pode-se sentir em maior ou menor grau a força de sabotadores que afetam diretamente o desempenho no trabalho. Verdadeiros vilões da entrega de resultados organizacionais.
Destaco alguns, para os quais deveremos ter muito cuidado e vigiar a sua evolução, agindo de imediato sobre eles, para reduzir seu crescimento e a intensidade de sua força.

a. O Distraidor – O acesso a inúmeras formas de comunicação e interação social, mediados pelos dispositivos móveis e computadores, pode estar gerando uma enorme dispersão e perda de produtividade no trabalho. Tirando o profissional do foco e o distraindo dos objetivos do trabalho. Alia-se a esse fenômeno os espaços coletivos de produção, desafio crescente à concentração nas atividades. E, de interrupção em interrupção, para acessar Facebook, WhatsApp, Instagran, Twiter, Snap e o escambau perde-se o fio da meada do que estava sendo feito. Ou até sobra para o cliente. E o rendimento é afetado por tantas paradas para acessar as mensagens, ler um monte de e-mails: “Para conhecimento”, etc. O pior é que esse sabotador nos faz crer num falso poder que temos de nos desligarmos do trabalho, sem se perder do caminho que estávamos trilhando, ao para ele voltar. Alguns, ainda se sentem culpados por não responderem ou olharem as mensagens on-line que recebem. E até são cobrados por isso pela sua rede. Como se tivéssemos que estar 100% on-line para os amigos. E o vício digital se estabelece, ficando dependente de interações comunicativas, de toda natureza e origem. Sem criar limites, regras e barreiras ao seu consumo. O distraidor sabota nossa concentração.

b. O Prorrogador – É aquele sabotador que atua em nós distorcendo a percepção do tempo, adiando o que está para se fazer. Ele gera uma falsa sensação de controle sobre o risco, dos adiamentos do que é preciso ser feito. E aí, as coisas vão se acumulando, gerando nesse profissional a sensação de que os dias não tem horas suficientes e que ele sempre está em atraso com o relógio, com a vida e com ele mesmo. As coisas vão se acumulando, para amanhã serem feitas. Com o tempo, esse profissional fica desacreditado do grupo. E passa a ser visto como alguém que não cumpre prazos, ou que não cumpre o que prometeu, sempre com um bom motivo para adiar. E, de procrastinar em procrastinar, ele fica craque em terceirizar culpas e não assumir responsabilidades. O bom procrastinador sempre tem uma boa desculpa para nela se apegar, tornando-se expert em justificativas pelos não feitos, não entregues. O prorrogador atua sabotando resultados.

c. O Iletrado Emocional – É o terceiro vilão das carreiras. O trabalhador deixa de se evoluir nas competências da inteligência emocional. Esse sabotador se manifestará na redução das práticas de empatia, de interação social positiva, de resiliência laboral e de bem-estar emocional. Desenvolvendo-se apenas nas competências técnicas, relativizando aquelas de natureza comportamental. Desaprende a conviver, a ser flexível, tenaz e cooperativo. Sob estresse, explode facilmente. E vive manipulando as pessoas, ou oprimindo-as. Adora cultivar emoções ruins. E o próprio grupo o tem como depósito ou porta-voz de notícia negativa. E ele aceita esse papel. Com o tempo, ele vira um reclamão e rabugento, nada mais estando bacana com ele, com o outro, ou com a realidade. O Iletrado Emocional atua sabotando a motivação.

d. O Apático – É o quarto vilão. Quando ele atua o trabalhador deixa de sentir tesão em perseguir metas, em procurar oportunidades de carreira, em se capacitar, e até em aprimorar processos. Ficando com sua existência embotada. No piloto automático da vida. Esse vilão age pela apatia. Esse talvez seja o sabotador menos visível e o mais difícil de ser detectado. Exige autoconhecimento. O pior é que esse sabotador atua desligando esse termômetro interior, e a pessoa perde a consciência do que lhe está ocorrendo. Ela precisa de ajuda, mas não pede. E, paulatinamente, essa raiz da apatia vai se embrincando em tudo. Tendo como um de seus combustíveis a tensão negativa, entre as expectativas e a realidade. Ansiando, de forma extremamente idealizada, por: colegas diferentes, chefias, empresa e até o próprio trabalho. Aí, ao não receber o que espera, se frustra e vai ficando cada vez mais murcho, desanimado, apático. O apático encontra na realidade as razões para desistir de fazer e acontecer, de mudar, de mudar a realidade, ou se mudar dela, terceirizando seu bem-estar e motivação no trabalho às circunstâncias, aos outros, ou à Instituição. O Apático atua sabotando a energia interior.

Sem prejuízo de outros, considero que esses sabotadores são os mais comuns no ecossistema profissional na atualidade. E que precisam de respostas imediatas e cotidianas, dos afetados por eles. Sendo o primeiro passo a identificação da intensidade, e de que maneira ele impacta o trabalho. Reconhecer sua atuação sobre nossas carreiras, é o primeiro passo para diminuir a intensidade de sua sabotagem sobre nós. Reconhecer, para neles operar, e criar forças para mudar. Caso contrário, eles criarão raízes que dificultarão o desenvolvimento do potencial humano.

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O autor é professor do IBMEC, aposentado do BB, proprietário da Ânimo – Desenvolvimento Humano; Autor dos livros: Sobre a Vida e o Viver, e, Apanhadores de Possibilidades nos Campos do Infinito; Psicólogo (UEPB), Mestre em Gestão Social e Trabalho (UNB), Especialista em Gestão de Pessoas (USP) e membro da Associação Internacional de Psicologia Positiva. Publica no blog de desenvolvimento pessoal e profissional em:https://bodecomfarinha.blogspot.com.br

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